A Ansiedade é algo próximo da preocupação, pois a preocupação nada mais é do que um aspecto do medo, um temor de que as coisas não saiam do modo como gostaríamos.
O ansioso vive em um estado de alerta constante por uma situação, que pode acontecer e causar sofrimento. Um exemplo clássico é o de um rapaz, que sente vontade de conversar com uma mulher bonita ao seu lado, mas tem medo de ser rejeitado. O conflito interno no momento, de não saber se deve ir ou ficar na vontade, é a Ansiedade.
A diferença entre a sensação de Ansiedade e medo está no tempo da situação: com a Ansiedade o motivo da preocupação está no futuro, já com o medo está no presente, a ameaça está próxima. Quem teme ser assaltado na rua, vive num estado ansioso, mas no momento do assalto, a pessoa sente medo.
O tempo prolongado de ansiedade aumenta o nível de tensão e estresse interno, isso pode levar ao surgimento do medo específico ou até mesmo irreal. O que influencia e muito a ansiedade é a nossa maneira de pensar.
“Se uma pessoa é muito catastrófica e imagina o tempo inteiro que as coisas vão dar errado, ela sofre mais com a ansiedade”, diz Thiago Sampaio, psicólogo membro da Associação dos Portadores de Transtornos de Ansiedade (Aporta).
Essa ideia de pensamento catastrófico faz uma pessoa ser mais preocupada do que outra e isso é fundamental para entender a ansiedade do ser humano.
É o caso da mulher, que está sozinha em casa e ouve um barulho na porta de entrada. Em vez de lembrar que é seu filho voltando da escola, ela imagina que são ladrões tentando invadir sua casa e começa a sentir Ansiedade. Se tivesse pensado que poderia ser simplesmente o filho, ela não teria sofrido nenhum desconforto.
E você deve estar se perguntando porque isso é tão importante. Vou lhe dar 3 razões para ficar esperto com a ansiedade.
1° O Brasil tem a maior taxa de Transtorno de Ansiedade do mundo
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgadas em Julho de 2020, 9,3% dos brasileiros têm algum Transtorno de Ansiedade e a Depressão afeta 5,8% da população.
O Brasil é o país que mais sofre com a Ansiedade. E de 4 em cada 10 brasileiros, cerca de (41%) tem sofrido de Ansiedade, como consequência do surto do Coronavírus. Os dados fazem parte do levantamento Tracking the Coronavirus, realizado semanalmente pela Ipsos com entrevistados de 16 países.
2° Consequência físicas:
- Taquicardia;
- Dor ou aperto no peito e aumento das batidas do coração;
- Respiração ofegante ou falta de ar;
- Tremores nas mãos ou outras partes do corpo;
- Náusea;
- Sensação de fraqueza ou fadiga;
- Mãos e pés frios ou suados;
- Aumento do suor;
- Boca seca;
- Dores abdominais;
- Dor de barriga ou diarreia;
- Tensão muscular excessiva;
- Insônia;
- Alimentação desregulada.
3° Consequências psicológicas:
- Constante tensão ou nervosismo;
- Sensação de que algo ruim vai acontecer;
- Problemas de concentração;
- Medo constante;
- Descontrole sobre os pensamentos, principalmente dificuldade em esquecer o objeto de tensão;
- Preocupação exagerada em comparação com a realidade;
- Irritabilidade.
A linha que separa a Ansiedade normal da exagerada é muito tênue e varia de pessoa para pessoa. Tem quem lide muito bem com uma rotina agitada, enquanto outros não podem nem pensar em ter preocupações.
“A ansiedade se torna patológica quando começa a atrapalhar a vida da pessoa”, diz Márcio Bernik, coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Quando isso acontece, pode ser sinal de transtorno. No Brasil, estima-se que 23% da população tenha algum tipo de distúrbio ansioso ao longo da vida. São eles: a Síndrome do Pânico, o Estresse Pós-Traumático, as Fobias, o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e o Transtorno de Ansiedade Generalizada. A probabilidade de morrer de problemas cardíacos pode ser até 4 vezes maior, para quem tem algum desses transtornos. Parece assustador, mas a boa notícia é que todos têm cura.
Os remédios podem até ajudar o cérebro a não se preocupar demais, mas não adiantam nada se a pessoa continuar pensando catastroficamente. Boa parte da nossa Ansiedade vem dos nossos pensamentos. O processo cognitivo (que é a maneira como pensamos) é essencial para determinar o grau de ansiedade, que cada pessoa vai sentir ao longo da vida.
Por isso, é fundamental a Terapia, para mudar a forma de pensar dos pacientes. A Terapia mais usada é a Cognitiva Comportamental, a TCC.
TCC - “Não existe terapia mais efetiva para tratar qualquer quadro psiquiátrico, inclusive os transtornos de ansiedade”, diz o professor de psicologia da UFRJ, Bernard Rangé.
A afirmação é embasada por um estudo da Universidade de Boston e a conclusão é que a TCC (Terapia Cognitiva Comportamental) é eficiente em 71% dos pacientes com Síndrome do Pânico, contra apenas 25% dos outros tipos de Terapia. Os resultados tendem a aparecer a partir de 3 ou 4 semanas.
Nem todas as dores de cabeça são problemas de verdade, mas também não podemos simplesmente reprimir a Ansiedade. O mundo precisa ter pressa, energia e motivação, pois a nossa sobrevivência depende disso.
A Ansiedade é como uma febre, é um sintoma de que algo está errado. E se simplesmente tratarmos a febre, podemos ignorar o real problema e isso é perigoso. O grande desafio é descobrir os motivos da inquietação e trabalhá-los. E nessa hora um bom psicólogo e a abordagem da Terapia certa, podem ajudar muito.